COMPUTADOR: INSTRUMENTO DE CONTROLE OU JOGO?

Esta foi questão colocada pela professora Flávia Ballerini, em sua primeira aula da disciplina de Interface Digital, como um exercício de reflexão e crítica. Eu diria que o computador serve como instrumento de controle, o controle em diversos aspectos. 
O advento da tecnologia quanto à rede mundial de computadores – internet – trouxe vários benefícios: a disponibilização do saber contido nos livros, das notícias contidas nas imprensas impressa e televisiva; espaços para exposição de opiniões e da própria vida, contato com pessoas de qualquer parte do globo terrestre. 
Achei melhor separar em tópicos para facilitar o meu raciocínio:

  • Pode-se dizer na democratização do acesso às informações - sem nos esquecermos que não são todas as pessoas que possuem condições de possuir computadores ou mesmo qualquer tipo de acesso à eles -, mas todo tipo de informação à disposição de pessoas sem um senso crítico muito aguçado pode ser perigoso. Existe uma frase hoje muito comum de ser dita em tom jocoso, mas que para muitas pessoas com certeza ela pode retratar a realidade: "Se está na internet, então é verdade.";
  • A compra à alguns cliques. Sair de casa, utilizar os espaços públicos, andar e procurar o que se quer não é mais necessário: as lojas online trazem mais opções do que qualquer espaço físico conseguiria abarcar, com o benefício de não se preocupar em como você vai chegar lá, se tem estacionamento, fila para pagar ou mesmo se o produto acabou. Mas não se esqueça! Uma simples busca pode fazer com que você seja bombardeado por anúncios de mesmo caráter;
  • Hoje a internet é mais uma ferramenta de manipulação do modelo de vida baseado no consumo: compre, use, coma, vista, veja, seja. Este estilo de vida criado pelo especialista em varejo Victor Lebow após a Segunda Guerra Mundial foi uma forma de alavancar a economia norte-americana. O consumismo trouxe em seu cerne algo fundamental para manter sua própria existência: as obsolescências programada e percebida. A obsolescência programada é quando o objeto foi desenhado para ter determinado tempo de vida útil, então, inesperadamente para de funcionar. Tudo bem, vou mandar arrumar! Não, os objetos são feitos também para não serem consertados, a única saída é comprar outro. Já a obsolescência percebida faz com que coisas ainda úteis sejam jogadas fora pela simples mudança de aparência do produto e vergonha sucedida do não acompanhamento do ritual de consumo. Computadores e celulares hoje são parte essencial no processo de obsolescência e, consequentemente, ritual de consumo, o que acaba servindo como forma de controle;
  • As redes sociais diminuíram a distância física e até mesmo psicológica entre as pessoas. Mas se tornaram um espaço bizarro de exposição, chegando às vezes a se assemelharem à um freak show. O desabafo da própria vida no qual as pessoas expõem seus problemas, falam mal de tudo e de todos. As pessoas com a vida e o corpo perfeitos também estão sempre expostos nas redes sociais - são nossas novas novelas, fontes de parâmetro do que se quer ter e ser, nossos exemplos. As fontes de descontentamento da própria vida e de crítica implacável do outro;
  • Mesmo os jogos se tornam cada vez mais um instrumento de controle das pessoas, seja pelo enredo, seja pela dependência psicológica que causa nas pessoas ou por tudo isso junto que faz uma lavagem cerebral na qual a pessoa perde a noção, tira a vida de outras pessoa e a sua própria;
  • Quanto à autonomia e ao livre arbítrio para navegar pela internet, estamos sendo constantemente vigiados e ninguém está anônimo - cada computador tem um número de IP em que você pode ser localizado em qualquer parte do mundo. Isso fica mais claro e nos traz uma sensação de segurança quando sabemos que pedófilos são monitorados e ameaças de ataques barradas. Mas também uma sensação ruim quando pensamos que a privacidade não existe no espaço cibernético.
Estamos andando em terreno perigoso. Todas as coisas que formam a nossa vida hoje estão nos controlando e fazendo de nós pessoas controladoras, possessivas, mal resolvidas. Porém, se "A diferença entre o remédio e o veneno está na dose", então que saibamos tomar a nossa dose de tecnologia que fará desse veneno o remédio que precisamos para que haja maior qualidade de vida - social, ambiental, psicológica, econômica, política...



DICA: A banda norte-americana de rock alternativo, Pearl Jam no seu clipe "Do the evolution" critica o Homem e a suposta “evolução” do seu comportamento: o poder, as guerras, a tecnologia como meio de controle e submissão, etc. Vale a pena conferir!


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